A gravidez constitui a primeira etapa de um processo de ligação que continua após o nascimento, representando a base da relação que a mãe e o pai estabelecem com o bebé.
Em 1969 diversos estudos, que inicialmente realizaram com crianças e mais tarde com grávidas, referiram pela primeira vez que a vinculação tem início durante a gravidez.
A vinculação consiste num laço afectivo existente entre uma pessoa e outro indivíduo específico (mãe, pai, ou figura significativa), mais especificamente a relação estabelecida entre a criança e a mãe. As mães estão envolvidas com os seus fetos identificando importantes comportamentos vinculativos, tais como, falar com o feto, tratá-lo por um nome carinhoso, movimentá-lo na sua barriga, para que ela e o seu companheiro possam observar esse movimento, ou encorajar o companheiro a conversar com o feto.
No que concerne ao bebé, no período pré-natal, apesar deste ter o sistema nervoso pouco desenvolvido consegue interagir com o mundo interno e externo, com a mãe e pai, promovendo a vinculação.
Os primeiros movimentos do feto no útero materno representam um ponto de partida para o esboço da identidade do futuro ser, um ser que, depois de sonhado, se projecta na mente dos pais e inicia com eles um processo de vinculação. À medida que o tempo de gestação avança, pais e bebé reforçam a sua vinculação. A visualização das ecografias e a audição dos ruídos cardíacos do feto fazem extravasar a imaginação dos pais, que pela primeira vez “espreitam” o seu bebé.
Também o pai tem um papel muito importante no desenvolvimento da criança, durante a gravidez, pode dizer-se que também o pai engravida vivendo todo um conjunto de processos característicos desse período. Sabemos que quanto maior for o envolvimento do pai durante a gravidez maior será a disponibilidade para perceber os sinais precoces do bebé e consequentemente um maior envolvimento na vida da criança.
A relação que uma mulher grávida tem com o seu companheiro tem um impacto muito importante no estabelecimento da vinculação pré-natal, verificando-se que mulheres que apresentam uma relação positiva com os seus companheiros expressam uma maior vinculação com o bebé.
Durante muitos anos o homem manteve-se como mero expectante da gravidez, no entanto tem hoje um papel fundamental. Actualmente o homem tem um papel mais activo participando no desenrolar da gravidez, frequentando as consultas pré-natais, assistindo ao parto e ajudando a cuidar do bebé. Assim, os homens começam a tomar consciência da importante mudança que ocorre na sua vida, procurando ter a sua experiência pessoal da gravidez.
Os casais procuram cada vez mais alcançar uma nova igualdade no envolvimento parental, sendo necessário que o pai estabeleça, o mais precocemente possível, relações directas e fortes com o seu filho.
Dra. Maria José Lima Ramos
Psicóloga Clínica
ACES AVE I - Terras de Basto
Centro de Saúde de Cabeceiras de Basto
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